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10ª Estação – Jesus é despojado de Suas vestes
Ao chegar ao monte Calvário, chamado Gólgota (Jo 19,17), Jesus é preparado para a crucifixão. Antes de ser pregado na cruz, os soldados romanos retiram violentamente Suas vestes. O Evangelho relata: “Os soldados, tendo crucificado Jesus, tomaram as suas vestes e as dividiram em quatro partes, uma para cada soldado, e a túnica. A túnica, porém, não tinha costura: era tecida de alto a baixo como uma peça única” (Jo 19,23). Por isso, eles não a rasgaram, mas lançaram sortes para ver de quem seria (Jo 19,24), cumprindo assim as Escrituras: “Repartiram entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes” (Sl 22,19).
Despojar Jesus de Suas vestes não foi apenas um ato de violência física, mas também moral. Na cultura judaica, ficar nu era sinal de grande humilhação. Sentado sobre a pedra fria, ferido e exausto, Ele é exposto à vergonha pública. Mas, mesmo nesse momento, Jesus permanece sereno e silencioso. Ele aceita ser despojado de tudo, até do que era mais simples de possuir, para nos mostrar que veio ao mundo sem nada e sem nada voltaria, oferecendo-Se totalmente ao Pai.
Ao ser despido, Jesus assume a condição dos pobres e dos abandonados. Ele se une a todos os que sofrem injustiça, aos que são desrespeitados, humilhados e feridos na dignidade. Permanece entregue, sem resistência, porque sua missão é total: Ele oferece não só Sua pregação, Seus milagres e Sua vida, mas oferece também a Si mesmo em sacrifício. Nada guarda para Si. Ele se entrega por inteiro.
Essa estação nos recorda que a verdadeira liberdade está no desprendimento. Jesus nos ensina que nada do que é exterior tem valor diante de Deus quando o coração é oferecido em amor. Aqueles que tiraram Suas roupas acreditavam estar O vencendo, mas na verdade Ele estava realizando uma vitória muito maior: a vitória daquele que ama até o fim.