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14ª Estação – Jesus é sepultado
Com o corpo de Jesus já preparado, José de Arimateia coloca-o num túmulo novo, que havia mandado escavar na rocha e que ainda não tinha sido usado por ninguém (Mt 27,59–60). Esse túmulo ficava próximo ao local da crucifixão, num jardim (Jo 19,41–42). Era o início do repouso sabático, e por isso era necessário sepultar Jesus rapidamente antes do pôr do sol (Mc 15,42).
Jesus é colocado no sepulcro com dignidade e respeito. João relata que Ele foi envolvido em faixas de linho com aromas, conforme o costume dos judeus no sepultamento (Jo 19,40). Maria, Sua Mãe, e as mulheres piedosas testemunham esse momento. Elas permanecem ali, observando onde Jesus foi colocado, para mais tarde voltar e ajudar com os ritos fúnebres (Lc 23,55–56). Mesmo diante da dor, elas permanecem fiéis. Não abandonam Jesus nem mesmo no silêncio do sepulcro.
Depois de colocarem o corpo no túmulo, José de Arimateia faz rolar uma grande pedra para fechar a entrada (Mt 27,60). Parecia ser o fim. Aquele que trouxe esperança aos pobres, consolo aos aflitos e perdão aos pecadores agora está morto. Muitos podiam pensar que Sua missão terminou ali, envolta em fracasso e silêncio. Os discípulos estavam dispersos, e o mundo parecia permanecer indiferente diante daquele sepultamento.
Mas mesmo no sepulcro, Deus está realizando Sua obra. Jesus havia dito: “O Filho do Homem será entregue, morrerá, e ao terceiro dia ressuscitará” (Mt 17,22–23). Sua morte não é derrota; é parte do plano divino de salvação. A pedra colocada na entrada do sepulcro não sela o fim de Sua história, mas prepara o início de algo novo. A Páscoa está próxima. A vitória está por vir. A cruz não será a última palavra.
[17:30, 19/10/2025] Luciana Bertho: Conclusão da Via Sacra
Ao terminar o caminho da cruz, contemplamos a entrega total de Jesus Cristo por nossa salvação. Ele foi preso, acusado injustamente, condenado, humilhado, torturado, crucificado e morto. Tudo suportou por amor ao Pai e por amor à humanidade. A Via Sacra é o caminho da obediência, do sacrifício e da redenção. Nela se cumpre aquilo que a Escritura havia anunciado séculos antes: “Ele foi transpassado por causa das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas iniquidades. O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele e, por Suas feridas, fomos curados” (Is 53,5).
A cruz não foi um acidente de percurso, nem uma fatalidade histórica. Foi o centro do plano de Deus: “Deus amou tanto o mundo que entregou o Seu Filho único, para que todo o que n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). O amor de Deus se revela em sua maior profundidade na cruz de Cristo. Ele não respondeu à maldade com vingança, nem ao ódio com violência. Respondeu com misericórdia. Não fugiu da cruz; abraçou-a, transformando sofrimento em salvação, morte em vida e derrota aparente em vitória eterna.
A Via Sacra não termina no sepulcro. O caminho da cruz conduz ao domingo da Ressurreição. A cruz é o caminho, mas a ressurreição é o destino. Jesus prometeu: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11,25). Por isso, o cristão não teme a cruz, porque sabe que ela é passagem e não fim. Quem caminha com Cristo não permanece no sofrimento — caminha rumo à vida nova.
Ao contemplar a Via Sacra, somos convidados a uma resposta. O sacrifício de Cristo não pode ser para nós apenas uma lembrança distante. Ele nos chama à conversão, à fé viva e ao amor verdadeiro. Carregar a nossa cruz de cada dia (Lc 9,23) não significa viver derrotados, mas participar da obra de Deus com confiança. Ele nos precedeu no caminho e agora nos convida a segui-Lo.
Diante da cruz, compreendemos que:
A fé não é fuga do sofrimento, mas encontro com Deus em meio a ele;
O amor verdadeiro exige entrega;
O pecado destrói, mas a misericórdia salva;
A cruz é o preço da nossa redenção;
Cristo morreu, mas vive. E quem está unido a Ele jamais será abandonado.
A Via Sacra é a escola suprema do amor, onde aprendemos que não há maior força no mundo do que a oblação do próprio coração. Ao concluir esta caminhada, renovemos nossa fé naquele que deu a vida por nós e agora reina glorioso, esperando por nossa resposta de amor e confiança.
“Nós pregamos Cristo crucificado, poder de Deus e sabedoria de Deus” (1Cor 1,23–24).